Como em todos os anos pós-eleições, o primeiro dia do ano é muito aguardado pelos eleitos por tratar-se do dia em que sua vitória nas urnas será ratificada.
Em Nova Odessa não poderia ser diferente, afinal, o prefeito eleito obteve quase 70% dos votos válidos, conquistando a confiança de mais de 20.000 eleitores, dos quais boa parte fez questão de prestigiá-lo no dia de sua posse.
Até ai, nada a ser contestado. Fez-se valer a vontade popular, a voz do povo que clamou por mudanças, que expressou seu desejo de ser representado por outros que não aqueles eleitos pelo mesmo povo por quatro décadas.
Não, não vou criticar ou elogiar a nova administração nem falar sobre o novo prefeito (ainda não). Também não vou criticar e nem defender o seu antecessor ou antecessores (ainda não). Minha crítica é contra um rótulo, contra um infeliz comentário, uma afirmação maldosa e pejorativa, que vem me incomodando e me cutucando desde o início do ano, fazendo coçar os meus dedos e forçando-me a reclamar, retrucar.
Venho mastigando o título de "viúvas do Samartin" usado pela imprensa para rotular os ex-servidores nomeados para cargos em comissão na administração anterior (dentre eles, eu), e que estiveram, ou não, presentes na solenidade da posse do prefeito eleito.
Minha indignação ficou represada por mais de um mês por educação, por entender que algumas coisas não passam mesmo de pequenas coisas e de coisas pequenas, cuja importância é tão ínfima que não merecem revide. Mas o tal rótulo colou em minha cabeça; vesti a carapuça e mordi a chumbada; e, ainda que não tenha presenciado a festa da democracia, me senti sim, indignada, não só por mim, mas por alguns amigos que lá estiveram. Pergunto: e daí? Qual o problema de terem comparecido à solenidade?
Infelizmente, por razões de saúde, não estive lá, mas não vejo por qual motivo, eu, ex-ocupante de cargo comissionado na administração passada, moradora e eleitora de Nova Odessa, mãe de um novaodessense, não poderia ter acompanhado e prestigiado a posse do novo prefeito de Nova Odessa, ainda que não tenha sido a minha escolha nas urnas.
E qual o problema com aqueles que estiveram na posse do prefeito, que presenciaram a validação da vontade da massa? Como se entende das palavras do autor do rótulo de "viúvas", esses só estiveram lá para aparecer, para serem vistos pelo novo administrador, com a única finalidade de tentar manter suas "boquinhas", seu emprego, sua cota parte dos cofres públicos.
Que infelicidade do jornalista! Será que ele não poderia imaginar que essas pessoas também estiveram lá por carinho e solidariedade aos antigos "patrões" e amigos?
Mas, o mundo dá voltas, a vida é um constante vai e vem. A lei da ação e reação é implacável. Daqui 04 ou 08 anos, quem sabe não terei a oportunidade de ver outras "viúvas", essas então, da atual administração, na posse do futuro prefeito? Será que lá se farão presentes para serem vistos e tentarem, desesperadamente, continuar nos cargos para os quais foram nomeados recentemente, ou, apenas para levarem o seu abraço e gratidão ao futuro ex-prefeito? É o roto falando do rasgado, o sujo do mal lavado, as antigas pedras que, se esquecem, viraram vidraças.
Gostaria muito de ter ido à solenidade, não para aparecer, mas para estar ao lado daqueles com quem convivi diariamente nos últimos sete anos e que foram representantes do povo por dois mandatos, eleitos, como foi o atual prefeito, pela vontade da maioria, pela vontade do povo.
Independente de concordar ou não com todos os atos da administração da qual fui parte, sou muito grata ao ex-prefeito Manoel Samartin e à professora Salime Abdo, por terem me acolhido e me respeitado durante todo o tempo em que estivemos próximos.
Aproveito para fazer minhas as palavras do amigo Molina:
"Desejo ao Samartin e à senhora Salime votos de bom descanso, dizendo também que sou muito grato à eles. Ao prefeito Benjamim, meus sinceros votos de sucesso e conquistas. Boa sorte a todos da administração".
Sou sim, viúva do Samartin, e daí?