Marla de Queiróz é uma poeta carioca, uma diva divina, uma pin up moderna. Seus escritos, seus poemas, traduzem expressamente os sentimentos de todas as mulheres, divas dos tempos modernos.
Em um de seus blogs, o transFLORmar-la, encontrei esse texto que tem tudo a ver com meu momento, com meus pensamentos, com minhas eternas e incertas incertezas.
Com vocês, Marla de Queiróz:
"O corretor do word nunca aceita a minha construção de frases e tenta me convencer de que tenho uma maneira errada de dizer as coisas. Brigamos constantemente porque sei que ele não entende muito de licenças poéticas. Mas me incomoda o sublinhado embaixo de fases inteiras. Por que não posso escrever no contrafluxo dos sentimentos?
O corretor de imóveis nunca entende ou encontra o tamanho do lugar em que eu consigo caber. Eu não posso abandonar meus livros e abrir mão de acordar com a luz do dia. Eu só durmo em paz na minha cama box e preciso de um guarda-roupas grande. Por que não posso querer as coisas do tamanho que eu acho devam me acolher?
O corretor de confusões mentais leia-se terapeuta, nunca conseguiu me convencer de que eu precisava me desvencilhar do caos. É dentro dele que eu encontro força para me equilibrar. É dentro desta desorganização absoluta que eu consigo encontrar o ineditismo da criação. Por que não posso ser diagnosticada como autêntica, em vez de complicada?
O corretor de rasuras, “liquid paper”, nunca me pareceu útil. Gosto das palavras riscadas como um “ato falho”, o dito que não pretendia dizer nada... Por que não se pode desabotoar num texto aquilo que não se pretendia explícito?
Sempre achei que o papel da poesia era apenas desencadear emoções ou socorrê-las. Nunca corrigi-las. Mas fico relendo o que escrevi nas minhas narrativas e procurando equilíbrio no meu jorro de palavras. Como domar a escrita instintiva, intuitiva?
O moço que me amava e não era correspondido, dizia que tenho medo de amar. Expliquei que não era medo, mas desinteresse. Por que algumas pessoas não conseguem escutar exatamente o que foi dito pra tentar corrigir nossa recusa catando ilusões nas entrelinhas?
Por que essa tentativa de resgatar o que já nasceu desperdiçado"?
(texto publicado no blog transFLORmar-la, em 21/08/2012)
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