Uma vez, há muito tempo, alguém me disse que precisava sair da minha vida para que eu pudesse ser feliz. Ainda que fosse muito jovem, nunca acreditei naquelas palavras, porque a dor da ausência não pode fazer qualquer pessoa feliz.
A ausência imposta, dói, machuca, fere e, suas consequências, algumas vezes, perduram por um longo tempo. Mas, como todas as outras, essa dor também vai diminuindo, e o tempo trata de cicatrizar as feridas.
A pessoa realmente saiu de cena, me deixou viver e eu, claro, acostumada com a sua ausência, que não doía, mas se fazia silenciosamente presente, fui feliz.
Vivi minha vida com intensidade, com paixão, e cercada de muito amor. Aquela ausência virou parte de mim, era uma presença constante, uma lembrança boa, memórias de um tempo que não voltaria mais. Me fez crescer, me fez forte.
Mas a vida não tem script, não tem marcação de texto, não tem direção. A vida é a vida, pulsante, elétrica, em movimento. E nessas tão famosas "voltas que a vida dá", sem aviso, sem tempo para ensaio, sem preparação, fui transportada de volta para aquele mesmo tempo, com a mesma pessoa, que, mais uma vez, me disse que precisa ir embora para que eu continue a ser feliz. E mais uma vez, não me deu opção de escolha, apenas me deixou de presente aquela mesma ausência, que hoje, voltou a doer.
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