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segunda-feira, 14 de julho de 2014

O show não basta, tem que ter final apoteótico.

Não é minha preferência a advocacia na Justiça do Trabalho. Não sou expert no assunto e não tenho jogo de cintura para "vender meu peixe", por isso não ofusco o brilho dos colegas especialistas nessa área.

Aqui em casa dividimos muito bem os afazeres: enquanto um, praticamente mora no fórum trabalhista, prefiro me aventurar pelas varas cíveis. Dessa forma, cada um na sua, sem estresse, nos entendemos muito bem. 

E por nos enterdermos perfeitamente, também confiamos um ao outro os nossos trabalhos e nos ajudamos sempre que preciso. Então, uma vez que "o outro" resolveu tirar férias e alguém precisava ficar por aqui para ganhar o pão, lá fui eu, "brilhar" na Justiça do Trabalho.

Não bastasse a pessoa me confiar duas audiências no mesmo dia, com 10 minutos de diferença entre uma e outra , tinham que ser em varas diferentes, uma em cada ponto de um longo corredor. 

Sento lá, faço aquela cara de paisagem (nem preciso me esforçar muito, né, afinal, gente bonita já impressiona só respirando, kkkk), guardo minha falta de jeito na bolsa e toco o barco. Já saio de lá frustrada porque aquilo que "o outro" me passou, aconteceu de forma totalmente diferente, mas... tudo bem, sereia é pra isso mesmo, enfrentar qualquer maremoto com as escamas brilhando.

Terminada a primeira empreitada corro para a segunda, a fim de verificar se ainda dava tempo de salvar o cardume, porque o show tem que continuar. Em meio aos muitos advogados, reclamantes e prepostos que aguardavam o seu tempo de apresentação, passo zunindo pelo cartório em direção a porta da sala de audiência e me esqueço de um pequeno declive no piso. Calma, faz parte do meu show, não vivo sem platéia e precisava de um final apoteótico.

Resultado: toda a atenção voltada para minha linda figura, multidão insandecida ao meu redor, braços desesperados para me tocar e uma confusão de mãos estendidas, não para aplaudir minha competência, mas para me ajudar a levantar do chão depois de eu ter me estatelado ao escorregar no "maldito declive" entre o cartório da 2a Vara do Trabalho e sua respectiva sala de audiências. 

Como diriam alguns possíveis clientes quando me procuram: quero ser indenizada pela situação vexatória (uma sereia lindonésia, estatelada no chão na frente de seus fãs) e pelos danos materiais (riscou meu sapato e quebrou minha caneta BIC) e poque até agora não sei o que doeu mais: a bunda, o pé torcido ou a minha cara linda, queimando de vergonha, kkkkkkkk.

Tá fácil não, ser sereia.

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